Somos todos água

Somos todos água…

Ricardo Oliveira (04/06/2020)

Eu uso muito, a água, como analogia da vida e de processos sociais.

Vemos e temos, água, por todos os lados e ao mesmo tempo ela parece não estar disponível quando precisamos dela.

Vemos pessoas por todos os lados e ao mesmo tempo parece que somos invisíveis.

Parecemos o personagem de Manuel Scorza, escritor peruano, em: O Garabombo, o invisível.

Ora estamos visíveis, ora somos invisíveis dependendo de quem está olhando para nós e do quanto a gente pode ser, ou pode não ser, uma ameaça para os que estão na representação política do Poder na sociedade quando, na verdade, o Poder é uma realidade absoluta de valor em cada um de nós.

Como Garabombo, passamos invisíveis pela guarda, na maioria das vezes.

A fluidez das relações virtuais, desperta ainda mais este sentimento de ser e estar, apenas uma gota, neste universo de águas que nos une e divide ao mesmo tempo.

Ora parecemos uma nascente aflorando em meio a uma rocha, ora parecemos nuvens viajando no céu, ora ainda, como nos Estados Unidos em razão da morte de George Floyd, parecemos as monções ou um oceano de ressaca afrontando os limites das águas no mar.

A necessidade de transformações ditadas pela natureza transforma nossas ações ora em algo muito disperso, gasoso, ou estáticas como o gelo e, raras vezes, temos a sensação de estarmos num ribeirinho, num rio, sabendo que chegaremos ao mar para tudo voltar ao normal e refluir incessantemente.

A pandemia Covid-19 e a RBU Renda Básica Universal produz este efeito da Natureza.

Parece que uma mudança brusca de temperatura na Economia faz as nuvens se concentrarem e voltarem para o chão onde a água encontra um abrigo mais seguro.

É uma emergência social e mundial.

A RBU RENDA BÁSICA UNIVERSAL não é um pagamento pelo trabalho individual e ou coletivo de outrem. Não se vincula ao Direito e Obrigações regrado pelo Direito na sociedade. Apesar de ficar abrigada pelo Estado como um pacto social.

A RBU RENDA BÁSICA UNIVERSAL precede o Estado e, como a água, a renda precisa circular.  Não pertence a ninguém e sim pertence a todos.

Como a água, ela não aumenta ou diminui de volume. Apenas faz a vida de cada ser ter uma possibilidade de existir, de crescer para contribuir para que o Planeta seja habitável e a Natureza possa produzir a Harmonia nas relações sociais e humanas.

Assim como a água, cada gota é como um indivíduo singular embora de mesma composição e compostura… Desperta a Vida… O excedente, vai se concentrando. Parte vira lago e parte vira rios e terminamos no mar das possibilidades e realizações.

É assim que vejo muitas coisas.

Somos, juntos, um rio Amazonas, um Yangtse ou um Nilo…

Podemos ser, também, um rio Tietê que serve de canal de limpeza para uma São Paulo tão mal cuidada em saneamento, ou inda uma represa de Itaipu, geradora de energia ou, apenas a chuva que renova a Vida e desaparece na terra molhada e revivida.

Não somos mais e nem menos do que qualquer outro.

Posso até afirmar que somos, aquele outro no qual reconhecemos a nós mesmos.

Ainda que sem muito saber o destino que teremos, vamos “chover” antes que a terra seque e tudo se perca por, apenas, ficarmos nuvens nos céus como espectadores de nossas crenças.

Somos todos água…  No corpo de cada um e por todos os lados. Renovando e renovados.