A rainha da Inglaterra, o Vladi e Eu
Ricardo Oliveira 02/07/2020
Londres, agosto 2018.
– Já estou no Café do Aeroporto, London City Airport, eu disse.
– OK. Já estarei aí logo. Ele respondeu.
Assim, na Terra da Rainha, Elizabeth Alexandra Mary Windsor, estava eu pronto para encontrar um grande amigo.
Pela primeira vez eu pisei na Europa. Aos 68 anos de idade e pisei como se pisa em qualquer chão.
Superando os desafios de poder pagar para me deslocar no espaço que nos envolve, eu fui rever minha filha na Irlanda. Fui rever, a brasileirinha Bruna e conhecer as outras três netinhas, suas irmãs, irlandesas. Mãe delas e filha de avós brasileiros.
O pai é um bom homem. Não importa aonde nascemos. Importa que nascemos de uma mulher, de um homem. Somos filhos de alguém.
Elizabeth Alexandra nasceu de pais ricos, famosos. Vladi e eu nascemos, não em uma manjedoura, mas em casas em que dividir tudo era não só uma necessidade, mas um gesto de amor.
Não quero dizer com isso que, quem nasce em berço de ouro não tenha amor em família, mas, certamente, quem não se ocupa em dividir o que tem e dá valor a acumular além de suas necessidades adota um comportamento bem diferente do brasileiro. Adota um comportamento bem inglês.
A Irlanda sabe o que é ser brasileiro e o que é ser inglês.
O Índia sabe o que é ser inglês. Mahatma Gandhi que o diga.
A China sabe o que é o inglês. Significa ocupação e exploração.
A Alemanha sabe, também, o que é dividir uma capital e pagar a conta de terceiros para inglês.
Enfim. Fiz uma viagem histórica em 2018.
Irlanda, em razão de coração e família, Portugal para conhecer aqueles nossos colonizadores, exterminadores de índios e escravocratas que se imaginam civilizadores e a Inglaterra, onde o Vladimir estava radicado.
Em 2000, Valdi e eu já éramos amigos há mais de 20 anos. Agora se vão outros 20 anos.
Se eu disser um número para o Vladi ele saberá que em qualquer lugar no planeta o número 1.35485019500728JRCDO#.1.30 é minha identificação social que me distingue, hoje, de 212 milhões outros brasileiros.
É o meu NIB – Número Identitário Brasileiro. Através dele posso ser identificado socialmente de forma exclusiva.
Através de meu NIB posso receber qualquer benefício social. Renda Emergencial, se fosse o caso de ser um beneficiário com direito a ela. Posso assumir compromissos sociais. Posso me responsabilizar civil, criminalmente. Posso ser reconhecido e ser respeitado no Brasil e, com certeza, no Mundo.
Algumas pessoas criticam a identidade social assim como criticam a distribuição de renda.
Algumas pessoas se imaginam a Rainha da Inglaterra.
Nascemos todos iguais. Nascemos todos com direitos a vida e não com direitos de tirar direitos de outros.
Qualquer pessoa que tenha um amigo. Qualquer pessoa que tenha respeito pela vida dos outros. Qualquer pessoa que não precise se dizer rei ou rainha disso ou daquilo poderá entender o que seja a Vida.
Para vivermos, precisamos todos de uma RBU Renda Básica Universal.
Aquelas pessoas que não se importam, continuarão não se importando. Não seja uma delas.
Deixe um comentário