Eu não posso respirar, você está me sufocando….

O que a América nos diz?

Ricardo Oliveira (05/06/2020)

O que o dia 25 de maio de 2020 iria aprontar para os Estados Unidos da América ainda não estava definido.

Aparentemente os policiais de Minneapolis nem se lembravam mais de Eric Garner que, ao ser preso em 2014 em Nova York, repetiu para a polícia 11 vezes:  não consigo respirar.

“Eu não posso respirar” não é uma pergunta sobre dificuldade em respirar.

Não é um apelo de alguém acometido com o “coronavírus” e esteja com dificuldade em respirar.

O que foi filmado e gravado, agora em Minneapolis, foi mais uma vez um cidadão americano, nascido na sua pátria mãe, na sua própria cidade, sendo humilhado e morto publicamente, apenas, porque era negro. Nada mais.  É um registro a mais para ser exibido como “troféu de ofensas” a todos norte-americanos.

Como é costume lermos por ali e por aqui, outra narrativa é o que chamamos de “Teoria da Conspiração”. 

A América estremece novamente e, durante mais de dez dias, permanece insone. E, mesmo sem dormir, todo o povo norte-americano, brancos, negros e, por que não dizer, até os marginalizados por razões étnicas como latinos, asiáticos, e indígenas, acorda para protestar.

A América do Norte, já embalada nos discursos de ódio e de exclusão social e sem perspectiva de manter o “modo de vida americano”, faz com que aqueles ventos quentes de segregação social, de mortes impunemente praticadas por policiais de todas as matizes ou raças, brancos, negros, mestiços, latinos ou asiáticos, renasçam.

A Natureza não passa pelo juízo humano. São fatos e não são atos, coletivos ou individuais. É uma reação natural dela sinalizando espaços necessários ao seu redor.

George Floyd foi morto pelo racismo, pela segregação e pregação de ódio. Na América dos sonhos, tal ato, não poucas vezes foi repetido, e muitas delas os algozes atuaram com um livro sagrado na mão, outras vezes com tochas, cantos e marchas.

E…

Estremeço por aqui, vendo pessoas criticando os protestos de lá, dizendo que eles são excessivos, violentos, que atinge pessoas inocentes pela perda de suas propriedades. Todavia, não parecem sensibilizados com as perdas, sempre repetidas, de identidades e de vidas.